quinta-feira, maio 08, 2008

Daqueles dias

A situação andava tão ruim, caro leitor, que ele circulava pelas ruas sempre com uma velha e enferrujada bicicleta. E, Certa vez, deixou-a num destes “guardadouros”, se esse é o nome. O fato é que de tão velha, roubaram-lhe somente o cadeado, a tranca, como conhecem alguns. Quando a pegou, indignado, parou numa destas lojinhas de meio de rua e comprou novo apetrecho de segurança. Finalizou o negócio e, uns vinte metros depois, o velho pneu estourou, deixando-o não menos que uns doze km de casa. Ao descer, se agachou para verificar o estrago no exato momento em que um carro, em absurda velocidade, pareceu mirar a maldita poça, que parada lá, aguardava paciente, sua maldita função, adiantando-lhe o banho do dia. Assim, triste, e com uns poucos e molhados trocados que lhe restavam no bolso, comprou um café quente, e bebeu-o com tamanha rapidez e vontade, que queimou toda a língua. Com profunda dor, gritou, assustando os populares à sua volta, sendo em seguida, preso por desordem. A bicicleta ficou ali, velha e enferrujada. O cadeado novo, esse sim, roubaram.