...Procuravam no olhar de alguém uma resposta. O pavor agora era claro e a vergonha do medo desaparecera junto com os outros amigos mortos.
Talvez fosse prudente voltar, disse um dos homens. Talvez fosse, mas a escuridão os impedia. O último lampião se apagara e a luz parecia não querer revelar mais seus dotes.
O pavor era geral, inquietos pelo desconhecido destino, um dos homens agora chorava sem parar, descontrolado pela escuridão que o assolava, caiu de joelhos e não levantou mais. Sua morte só fora notada minutos mais tarde, quando ao perguntarem por ele, o silêncio respondera em seu lugar. A escuridão desta vez não deixou mostrar a pele pálida e a grande quantidade de sangue que se espalhara pelo chão.
A palavra grupo agora já não existia, e o pavor neste momento só aumentava, fragilizados pelas perdas, mal conseguiam abrir a boca para trocar idéias. O silêncio e a penumbra apagavam e retiravam toda a força e vontade de falar. As horas seguintes passaram secas e finitas, a esperança de ver o dia novamente já não abrigava suas mentes. Abraçaram-se como irmãos em certo momento. Nas lágrimas tentaram compartilhar e esquecer o que já sabiam.
